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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Um suspiro e nada mais

A primeira vez em que se viram, nem o infinito foi capaz de explicar a chuva de estrelas vinda de trás das nuvens carregadas de desamparo, ilusão e desesperança.

Perdida no tempo e espaço, em desatino saiu do seu apartamento. Precisava respirar, necessitava ver vida – já que sentia-se apenas respirando e mais nada.
Arrastando-se lentamente, ela mexia-se.
O amontoado de gente nas ruas faziam-na tontear e até mesmo cambalear.
Ela, que há muito tempo vivia o mesmo bairro, desconhecia as pessoas e vizinhos que por ali passavam.
Com cabelos desgrenhados e roupas fora de moda, sentia-se uma completa estranha. Alienada e bagunçada abaixava o rosto quando alguém cruzava seu caminho.
E assim caminhava por um bom tempo.
Tempo lento e aflitivo para quem não tem muito que fazer.
O que sua vida toou a deixou sem perspectivas e muito mesmo ela possuía um “plano B”.
Pensamentos vagando em desespero absoluto.
Luto estancava seu peito, prendia sua respiração. E mesmo assim, ela continuava a caminhar; vagando por entre docas, latas de lixo e por entre pessoas apressadas.
Sentia-se estranha. A coisa mais estranha que pôde ter visto até hoje.
Sinceramente? Coisa estranhamente viva.
“Viva!” bateu em seu peito oprimido sobressaltando de sua boca seca. “VIVA!” mais uma vez repetiu, agora em voz alta, ganhando olhares interrogativos. Interrogações de somenos importância comparada à vivacidade de seu andar, agora mais altivo.

Encaminhou-se apressada e mais lúcida, até o banco da praça, mais próximo. Precisa recobrar o fôlego – alegando ter vivido intensas emoções e descobertas.
Sentou-se assim que encontrou um banco vago.
A euforia que toma conta de suas entranhas não a deixou repousar. Levantou-se capciosa, e tornou a andar.
Nesse momento, sentia-se leve e fresca. Sua saia ritmada com seu andar, agora majestoso e provocante, balançava para lá e para cá...
Ela desfilava.
Observando os grandes prédios e contemplando as velhas, porém, resistentes árvores, atravessou a rua sem prestar atenção no que fazia.
Rodopiou no meio do asfalto sem notar onde estava. Sentia seus pés saírem do chão e sua leveza era mais intensa.

Obs.: O próximo post será com a continuação deste.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Vida em cores

Vejo a vida como um filme, onde identifico personagens e atribuo características e personalidades. E pronto. Logo estamos dentro daquela caixa sufocante e no ato, todos que nos cercam fazem parte do elenco, mesmo que muitos não passem de meros figurantes... não importa, o nome deles passarão nos créditos. Todos serão lembrados.
Passando algum tempo, achei ter perdido de vez o controle remoto da minha vida. Por sorte, o achei embaixo da poltrona...
Como que cansada de assistir às mesmas cenas comecei a zapear desesperadamente, em nenhuma cena ou fala me reconhecia. O desespero foi enorme. Angustiada e apavorada apertei bem fundo o botão de Liga/Desliga, e tudo a minha volta ficou no escuro e eu já não via mais o meu reflexo.
Ainda tonta e sem saber o que estava acontecendo, acordei com um sacolejo infernal. Reconheci o lugar. Estava dentro de um porta-malas. Pensei estar, mais do que nunca, perto do fim. Desliguei-me de vez – não queria ver o meu fim, assim tão de perto.
Sem acreditar pude sentir meu coração bater novamente. A luzinha interna foi acesa. Meu fusível ainda funcionava. E sinto-o melhor do que nunca!
Abri primeiro um olho, depois, lentamente o outro.Com os lábios fortemente apertados esbanjo um sorriso largo e inesperado. Pensei com meus botões: “ainda funciono. Vivo!”
Voltei para casa num segundo. Coloquei-me rapidamente na estante da sala, e suspirando nervosa apertei, delicadamente, o power.
A imagem produzida por mim já é mais harmoniosa.
As cenas já são mais compreensivas, e eu, já me reconheço. Até mesmo minha fala!Tão cedo não me desligarei da tomada. Não mesmo!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

À par dos acontecimentos obscuros

Nem sempre participei das festividades pulsantes do meu coração.
Precisava manter-me firme, porém, à distância, contemplava tamanha euforia que provocava um certo pavor: sabendo que mais cedo ou mais tarde todos os fogos de artifício teriam queimado e acabariam perdendo o brilho com o nascer do dia.
Desta vez foi diferente: coloquei-me à frente, vivi os momentos esperançosos, e morri com a desilusão de outros mais.
Permaneci de corpo e alma, festejei por cada sorriso arrancado de seu rosto, chorei por todo abraço demorado e perdi os sentidos em cada despedida.
Fiquei à espera.
Amanheci a cada dia lutando para um renascer próspero, mas, tu te ias e eu jamais percebi a distância.
Tampouco compreendo esse vazio que rompe em pranto o silêncio da madrugada.
Nem mesmo posso sentir a brisa vinda das janelas abertas. As portas foram lacradas, e a luz já não ilumina como antes.
O vazio se torna teimosamente solitário, porém, solidário com o tanto que sente e sofre e pesa.
Perdendo em si os sentidos. Internamente.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Um vazio preenchido de esperança

Não use mais palavras categóricas de rimas fáceis e de clichês baratos.
Não será mais necessário aproveitar-se das mentiras para usar do meu amor.
Com mentiras ou não, ele ainda vibra ansiosamente harmônico por ti.
Com as mesmas perspectivas frustradas ainda deixo a porta encostada.

sábado, dezembro 15, 2007

É melhor assim

É melhor não ver.
Fingir não ver ou sentir.
Melhor esquecer.
Melhor desistir,
E não mais insistir.

Vai ser melhor assim.

domingo, dezembro 09, 2007

Desilusão

Entre dias e noites, realidade ou não, muitas vezes a presença doce e angustiante - de certa forma - da ilusão te traz algo de bom. Amarga na maioria das vezes, mas o gosto dela, na minoria restante é docinha, talvez por ser, erronia ou não, por ser confundida com a esperança. Confundida com a luzinha brilhantemente acesa no final do tão desesperador túnel; tanto faz. Sinta-se acompanhado.

Ela está do seu lado, finge em te fazer companhia, e de súbito e sensivelmente derrotado você aceita-a, e então... palpitar do coração felizmente agoniado, a agitação é tanta que o seu sangue corre desesperado pelas veias, te dando a sensação de ter sentado num formigueiro das pequenas e mais ardentes espécie de formiga.


Você se coça e o desespero sorridente aumenta. O fôlego parece fugir. Falta de ar!Então, quando tudo fica escuro, e depois do baque, você volta a si e percebe que tudo aquilo de antes, agora, mais acordado, mais são, você recebe a prova de que a esperança estava vestida, e como não dando mais para camuflar-se a companheira e tão temidamente encantadora desilusão surge, apagando a luzinha que já estava na penumbra, no fim do túnel. E numa explosão de delírios de estilo metafísico - além do que se possa imaginar e muitas vezes compreender - ela começa de novo, e a amiga e gentil ilusão esperançosa não te abandona.


Contando as últimas moedas para a passagem de ônibus, retorna-se para a surrealidade que faz borbulhar esperança e um tanto de fé no coração enfartado.


– Por favor! recarregue as pás, será preciso ressuscitar esse corpo, ainda há tempo para novas desilusões.

sábado, dezembro 08, 2007

Um pouco mais de calma

É numa hora como essas que o que a gente mais deseja: é de um descanso na sombra, uma brisa leve e tranqüila balançando os fios rebeldes dos cabelos soltos; tudo mais silencioso e um gole de água fresca. O momento presente e futuro requer - com muita súplica - requer calma, força, ânimo, atenção e paz.

É preciso passar por essa tumultuada experiência para que no futuro, ainda distante, seja sentido num suspiro demasiadamente contente e brevemente seguro.

Enquanto isso, esquivo-me da angústia.

sábado, dezembro 01, 2007

Ausência

"As palavras que a mim pertenciam esvaiam-se com as noites de sono mal dormidas e de amanhecer exaustivo. Lamentam-se incansavelmente diante do nada absoluto e enjoativo de minha mente tórrida que tenta despreocupar-se das preocupações decorrentes: em ter uma árvore seca no jardim da frente e dos risos distantes que a lucidez não deixa sentir."